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Strasbourg: Onde França e Alemanha Se Entrelaçam

Petite France Maison des Tanneurs

No coração da Europa, às margens do rio Reno, ergue-se uma cidade que desafia as noções convencionais de identidade nacional. Strasbourg, com suas ruelas de paralelepípedos, canais serenos e a majestosa catedral que parece tocar o céu, não é apenas um ponto no mapa — é um fascinante experimento histórico de bilinguismo cultural.

Uma Cidade, Dois Mundos

Imagine caminhar por uma praça e ouvir conversas em francês, virar uma esquina e deparar-se com letreiros em alemão. Imagine saborear um croissant autenticamente francês no café da manhã e, no almoço, deliciar-se com um robusto choucroute da tradição alsaciana-germânica.
Bem-vindo a Strasbourg, onde não é preciso escolher entre França e Alemanha — você pode ter ambas.

O Balé Territorial: Trocando de Mãos 5 Vezes em 75 Anos

Talvez nenhuma cidade europeia tenha sido tão disputada quanto Strasbourg. Em um período de apenas 75 anos (1870-1945), a cidade mudou de nacionalidade cinco vezes entre França e Alemanha: francesa até 1870; alemã após a Guerra Franco-Prussiana (1870-1918); devolvida à França após a Primeira Guerra Mundial; anexada pela Alemanha nazista em 1940; e finalmente libertada e devolvida à França em 1944.
Cada transferência deixou cicatrizes, mas também adicionou camadas à identidade única desta cidade.

Um Gigante Vermelho Entre Dois Mundos

A Catedral de Notre-Dame de Strasbourg é um testemunho perfeito dessa dualidade. Construída em arenito rosa dos Vosges, sua tonalidade avermelhada muda com a luz do dia, como se a própria pedra não pudesse decidir a qual nação pertence.
Durante 227 anos (1647-1874), foi a construção mais alta do mundo, com seus 142 metros. Victor Hugo a descreveu como "um prodígio do gigantesco e do delicado."
Durante ocupações alemãs, a catedral foi renomeada "Münster" — o termo germânico para catedral. Os próprios estrasburgueses, pragmáticos, referiam-se a ela simplesmente como "a catedral", independentemente de quem controlasse a cidade.

Um Museu Vivo de Estilos

Caminhar por Strasbourg é como folhear um livro de história da arquitetura europeia. A Petite France, com suas casas de enxaimel típicas da região do Reno, apresenta a influência germânica em seu estado mais puro. A Neustadt (Cidade Nova), construída durante a ocupação alemã de 1870-1918, exibe a grandiosidade do estilo Wilhelmian, com amplas avenidas e edifícios monumentais. Já a Place Kléber, nomeada em homenagem a um general de Napoleão, representa o orgulho francês.
Durante a ocupação nazista, Hitler ordenou que a estátua de Kléber fosse removida e escondida, pois simbolizava a conexão francesa da cidade. Ela foi redescoberta após a guerra e reinstalada com grande celebração.

A Língua Alsaciana que Resiste

Enquanto as bandeiras mudavam no topo dos edifícios governamentais, os habitantes locais desenvolveram sua própria solução linguística: o alsaciano, um dialeto germânico com influências francesas que se tornou símbolo de resistência cultural.
Até a década de 1970, muitas crianças em Strasbourg cresciam falando alsaciano como primeira língua, aprendendo francês apenas na escola. Hoje, há um movimento para preservar este patrimônio linguístico único. Algo que pode ser visto também na região da Bretanha com suas línguas locais (confira no artigo As Línguas da Bretanha: Um Patrimônio Cultural Vivo). 

Quando Baguetes encontram Pretzels

A culinária alsaciana é uma celebração desta dualidade: o Baeckeoffe, um ensopado lento que combina técnicas francesas com ingredientes como batatas e chucrute; o Flammekueche (ou Tarte Flambée), uma "pizza" alsaciana com crème fraîche, cebolas e bacon; e o Kougelhopf, um bolo em forma de coroa que tem variações tanto doces quanto salgadas.
Durante as ocupações, alguns pratos mudavam de nome, mas nunca de receita. O que era chamado choucroute garnie sob domínio francês tornava-se Sauerkraut mit Wurst durante ocupações alemãs.

Ponte da Europa: Simbolismo em Concreto e Aço

Em 1960, França e Alemanha construíram juntas a "Ponte da Europa" conectando Strasbourg à cidade alemã de Kehl. Mais que uma estrutura de concreto e aço, tornou-se um poderoso símbolo da reconciliação franco-alemã após séculos de conflito.

 

Talvez o maior encanto de Strasbourg esteja em sua mensagem: as fronteiras nacionais são construções humanas que podem ser transcendidas. Em um mundo que frequentemente parece dividido por linhas no mapa, Strasbourg permanece como um lembrete vivo de que as melhores coisas frequentemente acontecem nas interseções culturais.

 

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Sobre o autor: Meu nome é Gunther Masi Haas. Sou desenvolvedor web, e atualmente trabalho também como designer multimídia na Biarritz Turismo. Apaixonado por cultura e história, escrevo sobre diversos aspectos da história da França e suas ricas tradições. Para saber mais sobre meu trabalho, siga o blog e acompanhe minhas publicações.

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