Rouen: Nos Passos de Joana d'Arc

Em uma recente visita a Rouen, cidade francesa às margens do rio Sena na região da Normandia, pude perceber a presença marcante de uma das figuras mais emblemáticas da história francesa: Joana d'Arc. Rouen foi palco do dramático desfecho da vida desta jovem guerreira que mudou o curso da história da França. Foi nessa cidade que, em 1431, com apenas 19 anos de idade, ela enfrentou seu julgamento e, posteriormente, sua execução na praça do Vieux-Marché. Hoje, uma igreja e uma cruz marcam o local exato onde a jovem foi queimada viva, acusada de heresia.

O Legado em Rouen

Hoje, Rouen mantém viva a memória de Joana d'Arc de diversas formas:

- A moderna Église de Sainte Jeanne d'Arc, inaugurada em 1979. Com sua forma única, lembrando as chamas de uma fogueira invertida, presta homenagem ao local do martírio.

- O Historial Jeanne d'Arc, localizado no Palácio Arquiepiscopal, oferece uma experiência imersiva da vida da santa através de tecnologia e encenações históricas.

- A Tour Jeanne d'Arc, única estrutura remanescente do castelo onde ela foi aprisionada.

O que despertou minha curiosidade foi a presença de um albergue, em funcionamento desde 1345, situado em frente ao local onde Joana d’Arc foi executada. Fiquei imaginando um hóspede qualquer, observando pela janela aquele trágico acontecimento, sem perceber que estava testemunhando um momento que entraria para a história.

Uma História Extraordinária

Nascida em 1412 em Domrémy, uma pequena vila no nordeste da França, Joana era uma simples camponesa que, aos 13 anos, começou a ouvir vozes que ela identificava como sendo de Santa Catarina, Santa Margarida e São Miguel.

Os santos a instruíram a liderar o exército francês durante a Guerra dos Cem Anos contra a Inglaterra, que havia conquistado diversos territórios no norte da França, incluindo Paris, e a ajudar o Dauphin Charles VII a ser coroado rei da França e cuja legitimidade era questionada após o Tratado de Troyes, que havia declarado o rei inglês Henry V como herdeiro do trono francês.

Em 1429, aos 17 anos, Joana conseguiu uma audiência com Charles VII em Chinon e recebeu autorização do futuro rei para liderar tropas militares.
Sua primeira grande missão foi liberar a cidade de Orléans, que estava sob cerco inglês havia meses. Em apenas nove dias, Joana liderou uma série de ataques ousados que resultaram na libertação da cidade. Esta vitória, que lhe deu a alcunha de "La Pucelle d'Orléans", foi seguida por uma série de outras conquistas que abriram caminho para a coroação de Charles VII em Reims.

Durante uma batalha em Compiègne que sua sorte mudou. Ela foi capturada pelos borgonheses e vendida aos ingleses, na época, aliados deles. Os ingleses, determinados a abalar a credibilidade tanto Joana quanto Charles VII, decidiram julgá-la por heresia.

O processo em Rouen foi notoriamente manipulado. Pierre Cauchon, bispo aliado dos ingleses, presidiu o tribunal, e após meses de julgamento, Joana foi condenada à morte por heresia. Em 30 de maio de 1431, Joana foi levada à Praça do Vieux-Marché e queimada viva em uma pira. Testemunhas relatam que ela morreu com dignidade, segurando uma cruz e clamando o nome de Jesus.

Em 1456, 25 anos após sua morte, um novo julgamento papal anulou a condenação de Joana. Em 1920, ela foi canonizada pela Igreja Católica. De herege condenada à fogueira, ela se tornou santa padroeira da França, símbolo de resistência, coragem e fé.

Andando por Rouen, somos relembrados de sua história extraordinária, que combina fé, política e guerra, e permanece como um dos capítulos mais fascinantes da história medieval europeia.

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Sobre o autor: Meu nome é Gunther Masi Haas. Sou desenvolvedor web, e atualmente trabalho também como designer multimídia na Biarritz Turismo. Apaixonado por cultura e história, escrevo sobre diversos aspectos da história da França e suas ricas tradições. Para saber mais sobre meu trabalho, siga o blog e acompanhe minhas publicações no blog.